25 setembro 2011

Poeira



Um a um
foi empilhando os pedregulhos.

Um a um
fui esculpido
formas angulosamente redondas.
Umas côncavas de frases adulteradas
outras convexas de palavras sufocadas.

No fim,
arrastei-me para o canto da sala.
Atirei a cadeira contra a parede
e ri-me da madeira liberta.

Os pregos desenhavam tangentes no espaço.
As lascas geometrizavam o chão inseguro.

Trinca madeira
Madeira range
e liberta o odor
das pedras que não falam.

Esperei 3 dias e 3 noites
sentada no topo do meu castelo desfeito.
Esperei até ele ficar subterrâneo.

Depois,
escondi todos os pedregulhos dentro de um saco.
Atei-o com corda de cabelos
e untei-o de memórias vãs.

Agora,
posso finalmente atirar o saco pela janela
e a janela pela porta.

Agora,
posso finalmente gritar
poeira!

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