Peixes voam no espaço...
Na gaveta guardo o fruto
que não provei.
Um pássaro nocturno
vem de encontro à janela,
estilhaça o vidro,
rasga a memória.
Ervas daninhas
nascem debaixo da cama
e na almofada
crescem teias de aranha.
Os sonhos emaranham-se
nas noites geladas,
a música escorrega nos dedos,
areia cobre o ar.
Silêncio - o vazio de tudo...
Sono - adormecimento do futuro...
Poema que escrevi Algures no Tempo
e que neste uniVerso, a Sara leu.
1 comentário:
Foi muito bom o encontro!!! Quero mais!
Como pediste, envio para aqui um dos textos que li. É do Mário Cesariny, no livro Pena Capital, e se o escolhi é porque obviamente gosto muito eheheh.
Poema
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz
mas no próprio seio dela
intensamente amantes e loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca
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