21 dezembro 2010

Lua Cheia de Dezembro

"No campo, as barracas dos mercadores sucediam-se
sem interrupção, com as suas mercadorias variadas
dispostas numa mistura exuberante de cores e formas.
Havia mantos e capas de seda púrpura, penas de
pavão, casacos de pele tingida, manjares raros, como
amêndoas e passas, e toda a espécie de aromas e
especiarias, pérolas, gemas, prata e ouro. Continuavam
a entrar mais mercadorias pelos portões, amontoadas
em vagões ou em pilhas desordenadas, às costas dos
comerciantes mais pobres, dobrados ao peso da carga.
(...) Um denário! Parecia uma fortuna desmedida.
Vaguevam pelos estreitos e apinhados corredores entre
as barracas. Os vendedores expunham as suas mercadorias,
os clientes regateavam os preços acaloradamente e artistas
de todos os tipos - dançarinos, malabaristas, acrobatas,
domadores de ursos e de macacos - faziam as suas
habilidades. O barulho dos inúmeros negócios, da galhofa
e das discussões levadas a cabo em centenas de dialectos
e línguas diferentes rodeavam-nos por todos os lados.
(...) a mulher tomou a mão forte e jovem de Joana nas suas
mãos trementes e examinou-a com um ar estranho. Ficou
calada durante muito tempo; depois, começou a falar:
- Bela quimera, sois o que não sereis; o que sereis não é
o que sois. Sim, bela quimera, vejo o desejo secreto do
vosso coração. Sereis grande, maior do que sonhais e
sofrereis mais do que imaginais."

[Livro "A Papisa Joana" de Donna Woolfolk Cross]

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