23 setembro 2010

Lua Cheia de Setembro

"- Cravado como um lança?
- Não, quieto como uma torre de xadrez.
- Mais tranquilo que gato de porcelana?
(...) os nomes não têm nada a ver com a
simplicidade ou complicação das coisas (...)
Pensa que elefante tem o mesmo número de letras
que mariposa e é muito maior e não voa. (...)
- E para pensar ficas sentado? Se queres ser poeta,
começa por pensar caminhando (...)
- Filhinha, se você confunde a poesia com a política,
não demora muito a ser mãe solteira. (...)
Todos os homens que primeiro tocam com a palavra,
depois chegam mais longe com as mãos. (...)
saíam-lhe palavras como pássaros da boca (...) 
Estás húmida como uma planta (...)
Estás pálido como um saco de farinha (...)
decidida a enfrentar a guerra das metáforas com
uma artilharia de provérbios. (...) rasgou-o com a
paciência e a leveza de uma formiga (...)
As palavras temos de saboreá-las.
Temos de deixá-las desfazerem-se na boca. (...)
imaginou que as suas palavras eram cavalos
celestes que galopavam (...)
A resposta fê-lo mergulhar primeiro na perplexidade
e, meia hora mais tarde, no dicionário (...)"

[Livro "O Carteiro de Pablo Neruda" de António Skarmeta]

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