27 julho 2010

Lua Cheia de Julho

"e com a mesma força com que as suas lágrimas caíram
sobre a mesa, assim caiu sobre ela o seu destino. (...) 

Movia-o uma poderosa necessidade de 
chegar o mais depressa possível ao encontro 
de algo desconhecido num sítio indefinido.

(...) Tita, de joelhos, inclinada sobre o metate, movia-se rítmica
e cadenciadamente enquanto moía as amêndoas e o gergelim.
Sob a sua blusa os seus seios oscilavam livremente
pois ela nunca usara qualquer soutien.
Do seu pescoço escorriam gotas de suor que rolavam para baixo
seguindo o sulco de pele entre os seus peitos redondos e duros.
(...) Tita ergueu o olhar sem deixar de se mover
e os seus olhos encontraram os de Pedro.
Os seus olhares apaixonados fundiram-se imediatamente
de uma tal maneira que quem os tivesse visto só teria notado
um único olhar, um único movimento rítmico e sensual,
uma única respiração agitada e um mesmo desejo.
Permaneceram em êxtase amoroso até que Pedro baixou a vista
e a cravou nos seios de Tita.
Esta deixou de moer, endireitou-se e orgulhosamente
ergueu o peito, para que Pedro o observasse plenamente.
(...) Depois desse perscrutante olhar que penetrava a roupa
já nada voltaria a ser igual.
Tita soube na própria carne por que é que o contacto com
o fogo altera os elementos, por que é que um bocado de
massa se converte em pão, por que é que um peito sem
ter passado pelo fogo é um peito inerte (...)
Em apenas alguns instantes Pedro tinha transformado
os seios de Tita em voluptuosos, sem precisar
de lhes tocar. (...)"

[Livro "Como Água para Chocolate" de Laura Esquível]

Sem comentários: