30 janeiro 2010

Mãe-Noite costurando...

Ela aproxima-se.
Grande, gorda, volumosa.
Um redondo onde tudo cabe.

Num gesto lento e cuidado
coloca a maior flor amarela
no ventre.

No cabelo,
um jasmim violeta
(raro de encontrar).

Depois,
abre a caixinha de costura.
Faz e desfaz linhas mal enroladas.
Pica-se nas agulhas, mas não sente.
Os botões coloridos,
cheiram a madeira.
Estende o escuro manto sobre as pernas.
Já lavado, engomado, e sacudido ao Vento.

E continua.
Enrola linhas,
restos de linhas.
Pontas soltas que precisam de casa.

Horas, semanas, passam.
E a Mãe-Noite lá permanece
no seu cantinho do céu
organizando vidas,
enrolando e desenrolando linhas...

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